Como hoje é Véspera de Natal, então vou compartilhar com vocês uma estória que eu costumo contar para o Tutu nessa época e que eu acho a mais bela, o autor é desconhecido, mas eu retirei do livro O gênio e as Rosas, de Paulo Coelho, ilustrado por Maurício de Souza.
As três árvores
Conta uma antiga e conhecida lenda que três cedros nasceram nas outroras lindas florestas do Líbano. Como todos sabemos, os cedros levam muito tempo para crescer, e estas árvores passaram séculos inteiros pensando sobre a vida, a morte, a natureza, os homens.
Presenciaram a chegada de uma expedição de Israel, enviada por Salomão, e mais tarde viram a terra coberta de sangue durante as batalhas com os assírios. Conheceram Jezabel e o profeta Elias, inimigos mortais. Assistiram à invenção do alfabeto, e deslumbraram-se com as caravanas que passaram, cheias de tecidos coloridos.
Um belo dia, resolveram conversar sobre o futuro.
- Depois de tudo o que tenho visto - disse a primeira árvore -, quero ser transformada no trono do rei mais poderoso da Terra.
- Eu gostaria de ser parte de algo que transformasse para sempre o Mal em Bem - comentou a segunda.
- Por meu lado, queria que toda vez que olhassem para mim pensassem em Deus - foi a resposta da terceira.
Mais alguns tempo se passou, e lenhadores apareceram. Os cedros foram derrubados, e um navio os carregou para longe.
Cada uma daquelas árvores tinha um desejo, mas a realidade nunca pergunta o que fazer com os sonhos; a primeira serviu para construir um abrigo de animais, e as sobras foram usadas para apoiar o feno. A segunda árvore virou uma mesa muito simples, que logo foi vendida para um comerciante de móveis. Como a madeira da terceira árvore não encontrou compradores, foi cortada e colocada no armazém de uma cidade grande.
Infelizes, elas se lamentavam: "Nossa madeira era boa, e ninguém encontrou algo belo para usá-la".
Algum tempo se passou e, numa noite cheia de estrelas, um casal que não conseguia encontrar refúgio resolveu passar a noite no estábulo, que tinha sido construído com a madeira da primeira árvore. A mulher gritava, com dores do parto, e terminou dando à luz ali mesmo, colocando seu filho entre o feno e a madeira que o apoiava.
Naquele momento, a primeira árvore entendeu que seu sonho tinha sido cumprido: ali estava o Menino Jesus, o maior de todos os reis da Terra.
Anos depois, numa casa modesta, vários homens sentaram-se em torno da mesa que tinha sido feita com a madeira da segunda árvore. Um deles, antes que todos começassem a comer, disse algumas palavras sobre o pão e o vinho que tinha diante de si.
E a segunda árvore entendeu que, naquele momento, ela sustentava não apenas um cálice e um pedaço de pão, mas a aliança entre o homem e a Divindade.
No dia seguinte, retiraram dois pedaços do terceiro cedro e o colocaram em forma de cruz. Deixaram-no jogado em um canto, e horas depois trouxeram um homem barbaramente ferido, que cravaram em seu lenho. Horrorizado, o cedro lamentou a herança terrível que a vida lhe deixara.
Antes que três dias decorressem, porém, a terceira árvore entendeu seu destino: o homem que ali estivera pregado era agora a Luz que tudo iluminava. A cruz feita com sua madeira tinha deixado de ser um símbolo de tortura, para transformar-se em sinal de vitória.
Como sempre acontece com os sonhos, os três cedros do Líbano tinham cumprido o destino que desejavam, mas não da maneira que imaginavam.
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Desejo a todos que leem o meu blog um lindo Natal, e que o próximo ano seja de muitas realizações, que todos consigam enxergar essas realizações e sejam sempre muito felizes com o aprendizado que as acompanham.
Um comentário:
Oi Soraia,
Feliz ano novo pra vocês também!!!!
Pedro, Bel e família.
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