Hoje é o meu aniversário de casamento, 8 anos, até que enfim saímos dos 7 anos!
Eu achava que esse negócio de crise dos 7 anos fosse bobagem, mas não é não, em grande ou pequena escala esse lance acontece e é bem sinistro, mas o que importa é que nós saímos!
O meu casamento foi algo que surpreendeu até a mim, pois eu sempre tive orgulho de dizer que não me casaria por nada nesse mundo, que tudo o que eu queria era encontrar um pai pra um filho, meus pais ficavam chocados com a ousadia, mas tudo bem, adolescentes estão por aí pra balançar as estruturas e eu não fui diferente.
Um dia eu e o Ravi fomos em uma balada no Guarujá que tocava pagode, som que nós detestamos e que detestávamos ainda mais na ocasião, eu fui por causa de um carinha que era nosso amigo e que não me dava a menor bola e o Ravi foi porque tava afim de sair. O cara deu a maior sumida e, eu e o Ravi, ficamos no balcão do bar tomando cerveja e falando mal do lugar, de repente percebi que estava totalmente bêbada e que passei a noite num balcão, maior fim de carreira, o Ravi que no mesmo momento percebeu que a noite dele não tinha sido muito diferente, virou e lançou a sua maior pérola:
- A noite tá uma merda, né?! Então, já que a gente não tá fazendo nada, vamos ficar pra salvar a noite?
O Ravi era um dos meus melhores amigos, não era possível que ele estivesse falando sério...
Bom, fiz o teste dos números pra ver se ele estava muito ou pouco mal e ele passou, conclusão, ficamos, e claro, depois pedimos a chave do carro do amigo pra sair daquele lugar e fomos pro carro dormir (só dormir!) pois estávamos muito bêbados pra ficar em pé em qualquer lugar.
No dia seguinte foi estranho, mas continuamos sendo amigos.
Em mais um dia no Guarujá, junto com alguns amigos eu perguntei pro Ravi se ele tava afim de ser pai do me filho, ou filha, nada de casamento um filho e nada mais. Ia nascer em 2001 e ia se chamar Odisséia, que nome horrível, coisa de buteco!
Isso tudo aconteceu em 1997, em janeiro de 1998 eu resolvi chamar o pessoal pro meu apê em Serra Negra, o Ravi ia fazer aniversário, então iamos aproveitar pra comemorar por lá.
Um dia antes de irmos o Ravi juntou os amigos dele de escola e o pessoal do escoteiro (grupo que eu fazia parte) e fomos pra um boteco cantar parabéns, foi aí que eu conheci os amigos dele que são nossos amigos até hoje.
No outro dia fomo pra Serra e quando eu ia pedí-lo em namoro ele fez isso (caraca, a maior vergonha, seria bem mais simples se eu tivesse pedido) eu aceitei! e isso faz 11 anos!
Em outro dia de balada, decidimos ficar noivos, meio tirando sarro, pois todos iam ficar surpresos que nós, o casal mais sem noção ia ficar noivo, e ficamos, tudo direitinho, família reunida, flores, tias e pedido pro papai. Quase morri de vergonha e me enfiei embaixo da mesa, literalmente. Não gosto muito desse negócio de pedir na frente de pessoas, digo logo, não gosto que me peçam nem bala na frente dos outros, o melhor é fingir que eu não estou ali. Isso aconteceu em março de 2000.
Em abril nós fomos pra Monte Verde, a primeira vez que viajamos só nós e aí decidimos casar. Eu que sempre fui meio "porraloca", mas nunca gostei de supresas e de surpreender, escrevi uma carta pros meus pais, que estavam indo pro Ceará no mesmo dia, falando que ia viajar com o Ravi pra Minas, mas que eles não se preocupassem, coloquei na mala e quando a minha mãe chegou leu e ficou horrorizada, ela me ligou e disse que não me deixava ir e eu, claro, não pude perder a deixa: "Como você vai fazer pra me impedir?". Mas eu a acalmei e fui pra minha viagem.
Quando nós voltamos falamos que íamos casar e morar em Sampa.
Se a gente tivesse o poder de ler o balãozinho de pensamento dos pais eu sei que leria:
Mãe: "Caraca! Tá grávida!".
Pai: "Filho de uma rapariga, catou minha filha e embuxou".
Mas nada disso aconteceu.
Alugamos um apê no Cambuci em São Paulo em outubro e fomos colocando cada coisinha no seu lugar, aos poucos foi ficando com cara de casa.
Fomos falar com o pastor da igreja Luterana para ver se ele casava a gente na igreja, papo vai, papo vem, e de repente a conversa ficou teológica demais, conclusão, não podíamos casar na igreja, mas fizemos um bom amigo.
Voltamos pra casa dos meus pais com a maior cara de velório sem piada, meu pai entendeu que era uma questão de convicções e disse que ele mesmo abençoava a gente.
Em janeiro de 2001, dia 13, às 7:30 pm, nós casamos na União Portuguesa em Santos, com direito a música do Gladiador e tudo (como dizem os nossos amigos.hahaha). A festa foi bem legal, tinha um monte de gente querida e um monte de gente que a gente conheceu na hora, como é o caso da Lucíla, que foi de bicão, junto com uma conhecida nossa, e que se tornou uma grande amiga.
Nosso casamento teve de tudo, amigo bêbado fazendo confusão, criança descalça, neguinho caindo da cadeira, priminho pequeno dançando com a noiva, valsa, gente chorando, madrinha ajudando a noiva a fazer xixi, como diz o filhote, só faltou ele!
Mas o principal de tudo é o que vem acontecendo, a felicidade, uma coisa que não vai acabar nunca.
Ah, mas fica o aviso: EU AINDA QUERO CASAR NA IGREJA, VIU?!!!
hahaha. Quem sabe um dia...